segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Gajas Boas


Depois de uma aturada pesquisa junto de uma amostra significativa e representativa de espécimes femininos, concluí de forma absoluta e inequívoca que as mulheres apresentam uma falha genética que as impede em definitivo de poderem reconhecer e identificar uma “gaja boa”. Não é que o facto me perturbe em especial. Atendendo a que qualquer macho digno da sua estirpe é capaz de, num relance, e mesmo no meio da multidão, detectar a existência de um exemplar que apresente as características mínimas adequadas à sua consagração como “boa”, até me parece mal a existência deste handicap por parte das nossas legítimas, que assim sempre nos chateiam menos os miolos por fixarmos o olhar estarrecido onde elas só vêm gente comum.


No entanto, e porque me custa ver as pobrezinhas à procura dos traços identificadores do material de primeira, provavelmente com o intuito de também se certificarem que também pertencem ao clube, sou obrigado a revelar algumas pistas orientadoras.


Em primeiro lugar desistam de pensar que ser “boa” tem alguma coisa a ver com a altura, o peso, a cor do cabelo ou dos olhos ou até com as medidas das ancas ou do peito. Nada mais errado. Existem “boas” e camafeus em todas as raças e modelos. “Boas” magras e “boas” gordas, “boas” altas e “boas” baixas. Infelizmente e para irritação do mulherio, não existe nenhum sistema métrico capaz de resolver a questão. É claro que é necessário um balanço adequado e harmonioso dos diversos dotes, mas o que definitivamente não chega é dispor de medidas adequadas se o mais importante não estiver presente.


E o mais importante não consta de nenhum manual ou guia porque tem a ver com a capacidade de provocar sentimentos libidinosos ao observador e de o fazer, de um momento para o outro, esquecer do que estava a ler no jornal ou na televisão.


Para ser “boa” é necessário registar-se uma feliz conjugação de formas e de movimentos que falam por si próprios dispensando qualquer legenda ou comentário. Uma gaja “boa” não tem de dizer nada (o melhor mesmo é que fique calada) para que a gente perceba logo as ideias que nos estão a transmitir.


As pobres coitadas que afanosamente tentam o reconhecimento dos espécimes caem invariavelmente em deduções que só dão vontade de rir. Quando muito, as mais aplicadas lá conseguem, ao fim de anos de treino, concluir com alguma exactidão se estamos ou não em presença de uma miúda gira. Só que se ficam por aí, imaginando que ter dois palmos de cara, um nariz direito e uns olhos de amêndoa são suficientes para o que quer que seja. Ora, sabemos perfeitamente que estamos perante dois conceitos completamente distintos. As ruas estão empestadas de miúdas giras que não são “boas” e de muitas “boas” que não são giras. Ser engraçada ajuda alguma coisa mas não chega por si só para figurar o conceito.Há três condições necessárias para que se considere que uma mulher tem o direito de integrar o naipe das gajas “boas”.


A primeira é a pose. Uma gaja só é “boa” quando sabe que o é e assume plenamente a sua condição, não tendo pois acanhamento de exibir os seus dotes, colocando-os em ângulos precisos e estudados para não passarem despercebidos a ninguém.


A segunda são as formas (e não estamos a falar necessariamente da dimensão), que devem ser arredondadas q.b., apresentando múltiplas variações angulares, perspectivando múltiplas e diversificadas hipóteses de manipulação.


A terceira e ultima é certamente a mais dolorosa de saber por parte das potenciais candidatas. È que são liminarmente excluídas do grupo das gajas “boas” as que já nos pertencem, acompanhadas, naturalmente, das progenitoras e possíveis rebentos.


Pois é, infelizmente para nós, as gajas “boas” são só as dos outros, pelo que as que já integram o nosso activo estão impedidas de figurar na lista, sejam quais forem os atributos de que disponham. Mas não há razão para tristezas. Se é certo que o nosso rol pode abranger com agrado e satisfação as mulheres dos amigos, mais as filhas, cunhadas, vizinhas e por aí adiante, também nada impede que as nossas venham a integrar as listas dos outros. Desde que obviamente se fique só por aí e a gente não fique a saber!



Fredo Dias

3 comentários: